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FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
FOTO: GOOGLE IMAGENS
Há, no Estado, mais de mil poços aguardando instalação por parte do governo, que corre contra o tempo
Quando anunciou o pacote de medidas para enfrentar os efeitos da seca no Nordeste, 17 dias atrás, a presidente Dilma Rousseff surpreendeu o poder público e representantes do setor agropecuário com um conjunto de ações que contemplava desde a instalação de poços e cisternas ao repasse de milho aos estados.
Contudo, mesmo com o repasse de um volume expressivo de recursos, a execução das ações tem esbarrado na estrutura insuficiente do poder público diante da demanda elevada por intervenções, que continua a crescer enquanto a estiagem se agrava.
No Ceará, a demanda da Defesa Civil é de pelo menos 1.046 poços, os quais estão divididos em três lotes. Apenas o primeiro deles, cujos recursos já foram disponibilizados pelo Ministério da Integração, está em execução. Dos 346 poços desse conjunto, 177 já foram instalados. De acordo com o chefe do núcleo de engenharia da Defesa Civil, Wagner Maia, os 169 poços restantes deverão ficar prontos até o fim do próximo mês.
Outro lote se refere à instalação de 373 poços em 30 cidades, cujo serviço só poderá ser iniciado depois que o Estado prestar contas, com o ministério, sobre a primeira etapa. Segundo Maia, o relatório aguardado pela pasta deverá ser enviado na próxima semana a Brasília, para que então haja a transferência.
Apesar do repasse do ministério, destaca, o aumento constante da demanda por novos poços tem preocupado o Estado. Diante do crescimento da procura, informa, o governo estadual pretende, ainda neste mês, lançar um edital para a instalação de mil poços - incluindo os 373 do segundo lote -, cujo trabalho deve ser finalizado no primeiro semestre de 2014.
Ao todo, o Ministério da Integração aplicará R$ 13,42 milhões na construção dos poços no Estado. O último lote está destinado à instalação de 327 poços, em 33 municípios. Conforme Maia, o plano de trabalho referente às obras já foi enviado ao Ministério da Integração e aguarda liberação de recursos por parte da pasta.
Procura aumenta
Atuando de forma paralela à Defesa Civil, a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), que cuida da perfuração dos poços, também se depara com uma demanda crescente. Em 2012, foram feitos 1.400 pedidos por novos poços - uma média de 3,8 solicitações por dia. Já no primeiro trimestre deste ano, foram feitos 455 pedidos - em torno de cinco por dia -, segundo reportagem veiculada pela TV Diário.
Nesta semana, a reportagem procurou representantes da Sohidra para comentar o assunto, mas, até o fechamento da edição, a assessoria de imprensa da superintendência não deu nenhuma resposta.
Carros-pipa
Outro ponto destacado pela presidente, o reforço da operação carro-pipa, também tem encontrado dificuldades para ser executado da melhor forma, principalmente por conta do aumento da procura e do agravamento da seca. No início do mês, Dilma anunciou a ampliação de 30% do número de pipeiros. "Isso foi bom, mas nós esperávamos mais um aumento qualitativo do que quantitativo", afirma o assessor de desenvolvimento rural da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), Nicolas Fabre.
Devido à necessidade do serviço em um número elevado de comunidades, explica, a chegada dos veículos em algumas cidades é prejudicada, entre outros motivos, pela dificuldade de encontrar água potável perto de onde residem as famílias.
Os veículos são enviados às comunidades a partir da demanda dos municípios, que precisam apresentar planos de trabalho especificando, entre outras informações, quantas famílias precisam ser atendidas. A Defesa Civil executa o serviço em 47 cidades e analisa o pedido de outras oito.
Segundo a assessora técnica da Defesa Civil Ioneide Araújo, o órgão tem conseguido atender bem às questões burocráticas ligadas ao abastecimento, por estar utilizando a ajuda da corporação do Corpo de Bombeiros. Ela destaca, todavia, que, devido à procura elevada, a empresa que executa o serviço tem como um dos principais obstáculos encontrar prestadores de serviço suficientes para transportar a água.
Qualidade
Fabre ressalta que, devido à escassez de água, os veículos têm que viajar distâncias cada vez maiores para realizar o abastecimento. O assessor aponta a adoção de unidades móveis de tratamento da água como alternativa para reduzir os custos. Ele informa que já foi elaborado um projeto - orçado em R$ 1,2 milhão - para a aquisição de 12 equipamentos desse tipo, que podem ser facilmente transportados e usados para tratar a água.
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