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Economia
"01 de Maio"Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad), o rendimento médio do trabalhador cearense é de R$ 616, 41, valor 44% menor que a média nacional (R$ 1.052,00) (Foto: Kid Júnior/Diario do Nordeste) |
Reivindicar melhores condições de trabalho é uma luta antiga, mas que ainda está presente
na realidade da população.
O Dia do Trabalhador, comemorado hoje, convida a uma
reflexão sobre a necessidade de direitos mais dignos na atividade laboral, garantindo por
meio da democracia uma novo papel para o cidadão.
No Ceará, a precarização do trabalho
e a desvalorização do profissional é um assunto que preocupa as entidades. "Quando
olhamos a classe de trabalhadores no Estado o cenário ainda é bem crítico.
Perdemos
nossos melhores técnicos, profissionais e cabeças, porque em qualquer lugar do Brasil ele
consegue ganhar mais que aqui", critica o economista do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socio econômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar.
De acordo com Aguiar, o Estado vive uma contradição do crescimento econômico e de
benefícios mal distribuídos para os trabalhadores. "O Ceará, nos últimos sete anos, tem
crescido bem acima da média do Brasil. Nós temos o terceiro maior Produto Interno Bruto
(PIB) do Nordeste, porém também temos a pior renda no mercado formal (R$ 616) e
informal. É uma coisa injustificável o ganho médio ser menor".
O rendimento mensal
domiciliar per capita no Ceará ficou 41,44% abaixo do registrado para o País (R$ 1.052). O
valor apontado para o Estado corresponde também ao terceiro menor entre todas as 27
unidades da Federação, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios
Contínua (Pnad Contínua).
Para o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Gilvan Mendes, este
cenário é justificado devido à cultura empresarial da região. "Se você compara com outras
capitais do Nordeste, realmente aqui é o que paga o menor salário.
Não há retenção de
talentos e acaba havendo um prejuízo maior, com a troca constante de profissionais".
Dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Fortaleza
mostram que a taxa de desemprego em março superou em 0,8 ponto percentual o resultado
registrado em fevereiro, passando de 7,2% para 8%.
Elevar renda é meta
O titular da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Josbertini Clementino
explica que é uma prioridade para o Governo do Estado elevar a renda média do
trabalhador cearense.
Para isso, o secretário afirma que está dialogando com
empregadores e empregados, para constituir a Agenda do Trabalho Decente. "Apesar de
gerarmos muitos empregos, temos que elevar o ganho real do cearense, que ainda é baixo.
A discussão já está sendo feita, é uma prioridade para este ano", afirma Clementino,
ressaltando que o governo pretende fazer grandes investimentos na área, para qualificação
profissional e apoio ao empreendedorismo do Ceará.
Políticas de capacitação
Como políticas de capacitação profissional para o Ceará, a STDS estima capacitar cerca de
25 mil pessoas em 2015, oferecendo programas de qualificação, para a inserção de
profissionais no mercado e geração de emprego e renda para jovens e adultos cearenses.
Durante o ano, a secretaria oferece vários projetos, como o Pronatec, Criando
Oportunidades, Primeiro Passo e ProJovem Trabalhador/Juventude.
"Nós temos que
continuar fomentando o empreendedorismo do Estado, para que possamos continuar
ampliando o numero de cearenses capacitados.
O governo está muito empenhado em
manter um patamar de qualificação profissional neste ano", explica Clementino.
Cenário do País
No âmbito do Brasil, o cenário muda.
O economista do Dieese explica que desde o ano
2000, o País vem apresentando um avanço significativo para o trabalhador, com uma
combinação de democracia e crescimento econômico.
"No governo do Fernando Henrique,
a gente brigava para não perder emprego. Hoje, mantemos saldos positivos. As taxas de
empregos não estão disparando como se presumia".
Para Aguiar, neste ano, alguns dos elementos da economia começaram a apresentar sinais
preocupantes, como a inflação e a conjuntura política.
Por isso, a expectativa é que o
cenário do trabalhador se mantenha "um tanto nublado", com ajustes que vão se prolongar
até 2016. "Nós teremos um cenário otimista após esse período, quando algumas obras
forem concluídas, como a refinaria em Pernambuco, a Companhia Siderúrgica do Pecém, e
a integrações de açudes", explica.
Terceirização
Sobre o cenário atual do País, Reginaldo Aguiar, do Dieese, considera preocupante as
mudanças das leis que protegem os trabalhadores que vêm sendo propostas, como o
projeto de lei nº 4330/2004, que propõe a regulamentação da terceirização de trabalhadores
nas empresas.
No dia 22 de abril passado, a maioria dos deputados aprovou um conjunto
de emendas que estende a terceirização a todas as atividades de uma empresa e que
diminui a arrecadação do governo federal.
"Isso vai agravar mais a situação triste que a
gente já vive", lamenta.
Segundo Gilvan Mendes, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
apontam que os terceirizados têm salários menores que os funcionários contratados.
Fonte: Diário do Nordeste |