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28/03/2012
Jornal do Brasil
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| papa Bento XVI
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O líder cubano Fidel Castro anunciou que se reunirá nesta quarta-feira com o papa Bento XVI, que visita a ilha, em um artigo divulgado na terça-feira à noite.
"Alegremente saudarei amanhã, quarta-feira, Sua Excelência o papa Bento XVI, como fiz com João Paulo II (em 1998), um homem a quem o contato com as crianças e os cidadãos humildes do povo suscitavam invariavelmente sentimentos de afeto", escreveu Fidel, 85 anos, afastado do poder desde 2006.
"Decidi por isto solicitar alguns minutos de seu muito ocupado tempo quando soube por nosso chanceler Bruno Rodríguez que a ele agradaria este modesto e simples contato", completou Fidel Castro, em uma "reflexão" publicada no portal oficial Cubadetabe.
O papa, que encerra nesta quarta-feira uma visita à ilha, se reuniu na terça-feira com o governante Raúl Castro, a quem seu irmão Fidel entregou o poder em 2006.
O líder cubano recebeu Bento XVI ao sair do papamóvel, por volta das 17H30 local (19H30 Brasília).
Após cumprimentos e fotos no Salão Sol de Nossa América, o papa e Raúl Castro iniciaram a reunião, que durou cerca de uma hora, até as 18H35 local (20H35).
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| Fidel Castro |
Os dois analisaram as relações entre o governo cubano e a Igreja, interlocutora política privilegiada do regime comunista e muito ativa no terreno social, 14 anos após a histórica visita de João Paulo II.
Ao final do encontro, o papa e Raúl Castro trocaram presentes: o líder cubano deu a Bento XVI uma escultura da Virgem da Caridade do Cobre e recebeu um enorme livro, réplica da "Geografia", do astrônomo e geógrafo grego Ptolomeu.
A troca de presentes terminou com um aperto de mão no Salão Sol da Nossa América, antes da partida de Bento XVI do Palácio da Revolução.
Na noite de hoje, o papa deve se encontrar com 15 bispos cubanos.
Paralelamente à reunião, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, e seu "chanceler", monsenhor Dominique Mamberti, foram recebidos pelo vice-presidente cubano, José Ramón Machado Ventura, para analisar temas como presos políticos, suspensão do embargo americano contra Cuba e mais direitos para os católicos em áreas como a educação.
O papa chegou a Havana ao meio-dia desta terça-feira, vindo de Santiago de Cuba, no outro extremo da ilha, sendo recebido pelo cardeal Jaime Ortega e a chefe do Partido Comunista da capital, Mercedes López.
Pela manhã, o papa visitou o santuário da Virgem da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba, e rezou pelos "cubanos privados de liberdade" e para que o país "avance por caminhos de renovação e esperança".
"Vim como peregrino até a casa da bendita imagem de Nossa Senhora da Caridade, 'la Mambisa', como vocês a invocam afetuosamente", disse o pontífice a centenas de fiéis aglomerados do lado de fora da Basílica Menor de El Cobre.
O papa pediu à Virgem que os jovens "não sucumbam às más propostas, e que deixem a tristeza para trás, em alusão às drogas, ao hedonismo, à prostituição e à permissividade sexual", que a Igreja condena.
Segundo a tradição, uma imagem de madeira da santa, com a inscrição "Eu sou a Virgem da Caridade", foi encontrada no mar por dois pescadores indígenas e um escravo em 1612. Foi levada então para a mina de El Cobre, perto de Santiago (sudeste da ilha), e ficou associada à história da libertação cubana, especialmente à luta contra a escravidão no século XIX.
"Sua presença neste povoado de El Cobre é um presente dos céus para os cubanos", afirmou Bento XVI. Um dos motivos da visita papal é a celebração dos 400 anos da descoberta da imagem da Virgem.
Raúl Castro recebeu calorosamente o papa em Cuba e esteve presente na primeira fila na missa campal que Bento XVI celebrou em Santiago de Cuba, na segunda-feira.
