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FONTE TERRA.COM
"Te prepara porque tem muita sacanagem, mas não é nada do que vocês está pensando. É bem diferente", disse o Padre Roque Rauber, 71 anos, candidato à Câmara Municipal de Porto Alegre pelo PDT, ao ouvir a proposta da reportagem de acompanhá-lo em uma tarde de campanha. Ele é conhecido na cidade por ser dono de uma das mais famosas casas de swing da capital gaúcha, o Sofazão.
O aviso seu deu pela forma diferente de fazer campanha. A bordo de um ônibus - o mesmo que usa para fazer propaganda de seu estabelecimento - ele percorre as ruas da cidade, acompanhado de duas "diabinhas", distribuindo santinhos e provocando reações das mais diversas em quem passava pela rua. "Dessa forma eu atinjo muito mais gente. Tu acha que isso não dá voto?", perguntou o padre após uma de suas assistentes brincar com um motoqueiro que passava. "O povo quer isso, panis et circenses (pão e circo em latim)", completou.
Antes mesmo do ônibus deixar o ponto de partida, um homem se aproximou do veículo e disse: "mas essas diabinha são só do padre? De acordo com a igreja católica, temos que dividir tudo". A brincadeira já dava o tom do que estava por vir. Mulheres empurrando os maridos, gente gritando "Sofazão" e outros que não entediam o que estava acontecendo. "Nós levamos tudo na esportiva, recebemos todo o tipo de reação, tem gente que se assusta com as diabas, mas é uma festa", disse Roque, antes de gritar: "olha um buteco, se preparem", já prevendo a reação masculina.
O apelo das diabinhas era obviamente sexual. Elas gritavam, mandavam beijos e brincavam muito com pirulitos, seguindo as ordens do padre que gritava: "mostra o pirulito para ele". "Comi uns 16 ontem", dizia Stefany Martins, brincando com o doce na boca. "Se eu votar no senhor, ganho as duas?", "o senhor me seu o santinho, mas e as diabinhas, não dá?", eram algumas das manifestações feitas, principalmente, pelos profissionais do trânsito.
Apesar do grande assédio masculino, a dupla conseguia também interagir com as mulheres. Cada resposta era comemorada aos gritos. "As mulheres são mais difíceis, por isso comemoramos cada uma", explicava a secretária do padre, Eliane Passos.
"Padre, o senhor lembra de mim? Em 2004 eu fui no Sofazão e tinha banho de espuma. O senhor me deu uma cortesia e quando eu cheguei em casa, minha mulher deu (bateu) em mim porque achou o papel no meu bolso", dizia o vendedor de uma loja ao se aproximar do ônibus. "O tempo todo eu escuto histórias de pessoas que foram no Sofazão", dizia o padre.
Roque é natural da cidade de Bom Princípio, a 76 km de Porto Alegre. Na década de 70 se afastou do oficio religioso, mas diz que ainda é padre. Ele foi para a capital na década de 90, para abrir uma agência de matrimônio, que mais tarde acabou virando o Sofazão. "No começo eu me escondia, tinha medo do que as pessoas poderiam pensar, mas depois vi que não estava fazendo nada de errado".
Falando de política, atualmente ele é filiado ao PDT, e diz que sofreu preconceito do PT quando tentou se candidatar a uma vaga na Câmara federal. "Era a época do mensalão e eles estavam com medo de vincular a imagem com o sofazão". Essa é sua terceira empreitada eleitoral. "Eu quero defender a liberdade das pessoas e acabar com o preconceito", finalizou.
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