Têm início ritos do Pau da Bandeira em Barbalha

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Foto Roberto Crispim

A árvore para servir como mastro da bandeira de Santo Antônio neste ano será cortada na próxima quinta-feira. Ontem, cerca de 20 pessoas visitaram as regiões de sítio Flores e São Joaquim, na zona rural deste município, à procura de um tronco para dar prosseguimento a uma tradição que já dura 100 anos. Neste ano, as opções são um Jatobá e Rama Branca, com definição adiada para a quarta-feira, ao contrário dos anos anteriores, quando a escolha se dá durante a visita do grupo.

O cortejo do Pau da Bandeira, iniciado a partir da escolha e corte da árvore de onde o mastro será extraído, abre oficialmente as comemorações em torno da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha, que neste ano deverá conquistar registro de tombamento junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), durante votação marcada para o mês de gosto.

O mastro da bandeira nos festejos deste ano será escolhido entre um Jatobá e uma Rama Branca, encontrados nos sítios Flores e São Joaquim, respectivamente. Ambas as árvores medem em torno de 24 metros de altura e possuem peso estimado em 2,5 toneladas. A escolha da árvore será feita após análise de órgãos ambientais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), responsáveis pela liberação da árvore e de seu corte.

A escolha da árvore também seguirá critérios estabelecidos pela comissão do cortejo. O tronco precisará ser grosso, resistente e retilíneo facilitando, desta maneira, o seu transporte, que é realizado nos ombros de dezenas de carregadores e acompanhado por milhares de pessoas que participam das festividades, após sua chegada as ruas da cidade. Antes do transporte, no entanto, o tronco descansa por um período de quinze dias em um local denominado de "cama do pau", onde acontece a desidratação da árvore e, consequentemente, a redução do peso do tronco. "É uma tradição que demonstra a fé da população de Barbalha e de outros municípios do Cariri no nosso padroeiro. Uma ação que vem sendo desenvolvida durante todo o último século e que a cada ano se renova e atraí novos participantes", avalia o capitão do pau da bandeira, Rildo Teles.

Desgaste

Eleito para a função pelos próprios carregadores do tronco, durante votação realizada no último dia 27, ele lembra que o percurso feito pelos fiéis que transportam a madeira é desgastante e que, em muitas ocasiões, os percalços do caminho são superados como uma espécie de penitência. "São cerca de sete, oito quilômetros com um peso de duas toneladas por sobre os ombros dos carregadores.

Muita gente que participa do cortejo vê esse esforço como uma penitência, ou, ainda, o pagamento de uma promessa feita ao santo padroeiro. Este, sem dúvida alguma, é um dos momentos de maior significado de todo o festejo", ressalta Rildo Telles. A tradição em torno do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha também atrai a colaboração de famílias tradicionais do município.

Um dos maiores colaboradores do ritual, conforme os carregadores mais velhos, foi João Figueira Teles, que durante quase nove décadas permitiu que a árvore utilizada como mastro da bandeira fosse extraída de suas propriedades. "Doutor João Figueira foi um dos mais importantes apoiadores da festa. Permitiu, durante 87 anos, que o pau da bandeira fosse retirado do interior de suas terras, localizadas no sítio São Joaquim. Após seu falecimento, a família manteve o desejo dele, até que as propriedades fossem vendidas", comentou Rildo Teles.

As áreas de onde as árvores são extraídas nem sempre são de grande volume. Neste ano, por exemplo, a região onde a Rama Branca foi localizada possui cerca de mil hectares, apenas. A mesma área já forneceu cerca de trinta troncos que serviram como mastro da bandeira de Santo Antônio de Barbalha.

Mais informações:

Secretaria de Cultura e Turismo de Barbalha
Rua Princesa Izabel, 187 - Centro
Telefone (88) 3532.2116

Fonte Diário do Nordeste

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