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ENTRETENIMENTO
Foto Divulgação
Walcyr Carrasco aproveitou o fato de escrever uma novela das 21h, tradicionalmente o programa mais assistido do Brasil, para promover diversas campanhas sociais em sua novela. Assuntos polêmicos e questões ignoradas pelo governo foram inseridas na trama do hospital San Magno na esperança de criar um debate entre público e autoridades. O problema é que… nenhuma campanha de “Amor à Vida” emplacou. Vamos ver um apanhado geral de todas elas?
#01- Lúpus
Como era pra ser: Paulinha (Klara Castanho) tem lúpus, uma doença rara que é o sonho de diagnóstico do doutor House. Com o passar dos capítulos, o autor mostraria as dificuldades dos portadores da doença, e a insistência de Paloma (Paolla Oliveira) em incentivar pesquisas sobre o Lúpus revelaria como o Brasil está atrasado nesse tipo de campo.
Como aconteceu: A trama da Paulinha arrastou-se dramaticamente por duas semanas, Paloma surtou mais que apresentador de programa policial e depois todo mundo se esqueceu da doença da menina, lembrada apenas em algumas ocasiões. As tais pesquisas sobre o Lúpus acabaram servindo apenas para deixar Paloma ainda mais chata, porque ela queria salvar as finanças do hospital incentivando o estudo da doença que -olha só que coincidência- sua filha tinha e seria a maior beneficiária.
#02- Câncer de Nicole
Como era pra ser: Nicole (Marina Ruy Barbosa) seria diagnosticada com Doença de Hodgkin, e o autor mostraria a dura vida de uma garota com câncer em meio ao primeiro amor.
Como aconteceu: A atriz se recusou a raspar a cabeça e o autor escreveu uma morte para a personagem. Detalhe 1: ela morreu de desgosto, e não de câncer. Detalhe 2: a Doença de Hodgkin é branda e tem 90% de chance de cura. Ou seja, mostrando a morte da personagem, Walcyr Carrasco, na verdade, prestou um desserviço ao público.
#03- Preconceito contra gordos
Como era pra ser: Perséfone (Fabiana Karla) é uma enfermeira obesa e é constantemente motivo de chacota entre os outros personagens da novela. Ao se casar, a família do marido se coloca contra o casamento com uma moça gorda. Assim, “Amor à Vida” tinha a intenção de mostrar a difícil vida dos gordinhos.
Como aconteceu: Ninguém levou a sério a questão do preconceito contra gordos(exceto os próprios gordos, revoltados com a abordagem absurda do tema). Para piorar, a tal família preconceituosa com a Perséfone tem uma filha austista vítima de muito preconceito, então CADÊ A COERÊNCIA???
#04- Alcoolismo
Como era pra ser: Vívian (Ângela Dip) é a dona de um bar e foi internada com cirrose no San Magno. Através de visitas no AA, Vivian seria o exemplo para tantos brasileiros que sofrem desse vício do álcool.
Como aconteceu: A trama da dona de bar alcoólica durou apenas dois capítulos (porque Walcyr precisava enrolar) e ninguém comprou muito o drama da figurante. Às vezes ela tenta beber um copo, mas aí entra logo um personagem chato em cena com uma lição de moral mais didática e chata que panfleto do Ministério da Saúde.
#05- AIDS (feat. Câncer)
Como era pra ser: Inaiá (Raquel Villar) descobriu ter AIDS e um câncer raro, então a novela fomentaria um debate a respeito da DST, além de mostrar como o vírus HIV não é um problema exclusivo dos homossexuais.
Como aconteceu: A AIDS de Inaiá serviu apenas para ela ser expulsa da casa de um médico figurante e cair nos braços do psicólogo figurante. A tal campanha pela prevenção da AIDS acabou ficando em apenas um diálogo chato de Lutero (Ary Fontoura).
#06- Autismo
Como era pra ser: Com uma personagem autista como Linda (Bruna Linzmeyer), a novela poderia ter abordado o tratamento e como a sociedade é preconceituosa com os autistas.
Como aconteceu: O tal tratamento acabou sendo botar Linda numa esteira de academia durante dois meses de “Amor à Vida” e o maior preconceito veio de sua própria mãe. Aí o Walcyr Carrasco decidiu enfiar o advogado Rafael (Rainer Cadete) para ter um romance com Linda, algo proibido pelas leis brasileiras e não recomendado nem mesmo para estudiosos do autismo. Mas quem liga, né? Vamos botar esse advogado com problemas cognitivos namorando essa autista que tá beleza!
#07- Primeira vez
Como era pra ser: Jonathan (Thalles Cabral) está naquela fase que só pensa na primeira transa, então caberia na novela algumas palavras sobre as dificuldades dos jovens e lições de educação sexual.
Como aconteceu: Fomos obrigados a ver uma cena longa e constrangedora envolvendo César (Antonio Fagundes) e Félix (Mateus Solano) dando uma aula sobre sexo seguro, tão natural quanto encontrarmos um dinossauro cruzando a Avenida Paulista.
#08- Incentivo à Leitura
Como era pra ser: Walcyr Carrasco quis aproveitar o público gigantesco de uma novela das nove para mostrar como a leitura é algo importante e comum, então colocou diversos personagens lendo e recomendando livros durante as cenas.
Como aconteceu: O incentivo à leitura virou uma grande piada, e os personagens recomendam romances no meio de cenas de briga, cenas de amor. Faltou só Paloma recomendar o “Kamasutra” ao Bruno (Malvino Salvador) no meio do sexo…
#09- Barriga Solidária
Como era pra ser: Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony) queriam ter um filho, então procuraram alguém para gestar uma criança. Walcyr mostraria então as dificuldades da lei, os conflitos de interesses entre o desejo da barriga solidária e os pais homossexuais.
Como aconteceu: Amarilys (Danielle Winits) virou uma vilã psicopata, quase uma madrasta da Branca de Neve. Todo a conversa sobre barriga solidária foi jogada na caçamba porque o público queria mais ver o circo pegando fogo na casa dos gays.
#10- Adoção de Crianças
Como era pra ser: Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony) queriam ter um filho, então procuraram alguém para gestar uma criança adotar. Walcyr mostraria então as dificuldades da lei, os conflitos de interesses entre o desejo da barriga solidária lei e os pais homossexuais.
Como aconteceu: A adoção correu sem problemas e sem burocracia. Coerência com a realidade para quê, né?
#11- Racismo
Como era pra ser: Walcyr Carrasco não colocou nenhum personagem negro no começo da novela para criticar como a etnia se encontra pouco representada em cargos que exigem um nível de escolaridade maior.
Como aconteceu: Ah? O que foi, produção? O Walcyr apenas se esqueceu de colocar atores negros na novela mesmo? Nossa, sorte que depois ele saiu enfiando diversos figurantes da etnia para disfarçar a baita gafe, né?
#12- Incesto
Como era pra ser: Com o namoro entre Herbert (José Wilker) e Gina (Carolina Kasting), supostamente pai e filha, Walcyr Carrasco flertaria com o assunto do incesto, um tema sempre muito polêmico.
Como aconteceu: Depois da reação de nojo do público a respeito do incesto, Walcyr arregou e falou que Herbert não é pai de Gina, colocando a menina para fazer par romântico com outro ator. Agora, na reta final, Ordália (Eliane Giardini) dá pra trás mais uma vez e falou que pode ser. Na dúvida, continuamos achando nojento aqueles dois juntos.
#13- Evangélicos
Como era pra ser: Valdirene (Tatá Werneck) seria uma periguete que se converteria, e se tornaria uma cantora Gospel de sucesso. Assim, Walcyr poderia mostrar como os evangélicos vêm ganhando espaço na sociedade.
Como aconteceu: Valdirene se mantém periguete até hoje e as duas evangélicas da recepção do San Magno são umas malas que ofendem os outros personagens e distribuem indistintamente bíblias tiradas de sabe-se-lá-onde para os transeuntes. Depois, surgiu uma igreja evangélica surreal no bairro pobre e fez praticamente uma lavagem cerebral na Gina, deixando-a com ainda menos personalidade.
#14- Diferença Social em Relacionamentos
Como era pra ser: Com casais formados por patrões e empregados, haveria uma discussão sobre a função das castas sociais da atualidade, podendo fazer praticamente uma nova Revolução Francesa.
Como aconteceu: Ninguém ligou muito para a diferença de Bruno e Paloma, ou então Pilar (Susana Vieira) e Maciel (Kiko Pissolato) se pegando. Quer dizer, as imagens da personagem transando com o motorista assombram até hoje minha mente.
#15- Amor na Terceira Idade
Como era pra ser: Poderiam os idosos terem relacionamentos amorosos como os jovens? Alguém da terceira idade é praticamente um inválido? Vamos discutir sobre os idosos do nosso Brasil.
Como aconteceu: Bernarda (Nathália Thimberg) foi pra cama com Lutero (Ary Fontoura) e depois sambou na cara das recalcadas quando voltou pra casa. “Funciona sim!” disse a vovó safadinha para o neto e a filha. Tirando o diálogo constrangedor, o amor na terceira idade não chamou a atenção.
#16- Perigos de métodos arcaicos de Psiquiatria
Como era pra ser: Paloma foi internada em uma clínica psiquiátrica de método antiquado, envolvendo choque elétrico e tudo mais. Uma ótima chance para se discutir os caminhos da moderna psiquiatria e o tratamento de pessoas com distúrbios mentais.
Como aconteceu: Todo o debate foi ralo abaixo quando Lutero invadiu o hospital psiquiátrico, distraindo a dona do lugar arremessando seus livros da estante, e sequestrou Paloma. Desde então, ninguém mais citou aqueles momentos (literalmente) chocantes.
#17- Bissexualidade
Como era pra ser: Eron, ao contrário de Niko e Félix, gosta tanto de homens quanto de mulheres. Assim, o debate dessa vez seria a respeito da bissexualidade, uma condição que muitas pessoas não acreditam que possa existir.
Como aconteceu: Um dia Félix falou “Ele é bi? Só se for uma BI…chona!” e aí acabou o debate sério sobre a bissexualidade.
#18- Envelhecimento de um Médico
Como era pra ser: Lutero perdeu seu posto no San Magno pois não mantinha mais a firmeza nas mãos. Ótima oportunidade para falar sobre o caso dos médicos que chegam a uma idade que os impossibilitam de trabalhar como antes.
Como aconteceu: O caso foi esquecido, até hoje fazem piadas envolvendo a mão trêmula de Lutero e ninguém mais se importa com o núcleo médico.
#19- Sadomasoquismo
Como era pra ser: Marilda (Renata Castro Barbosa) aparecia em todas as cenas com marcas no corpo, e os outros funcionários pensavam ser caso de agressão doméstica. Depois, descobrimos que Marilda e seu namorado eram adeptos de Sadomasoquismo, e assim tal prática poderia vir a ser melhor difundida no Brasil através da novela.
Como aconteceu: Walcyr Carrasco não soube gerenciar a história e abandonou o sadomasoquismo, voltando para a agressão doméstica.
#20- Diferença de Idade
Como era pra ser: Joana (Bel Kutner) começou a namorar Luciano (Lucas Romano), e foi julgada por ser mais velha que o novinho. Ótima desculpa para falar da diferença de idade.
Como aconteceu: Todo mundo ignorou a diferença de idade quando o safado começou a extorquir dinheiro da namorada.
#21- Dupla Personalidade
Como era pra ser: Atílio (Luis Mello) sofreu um acidente e foi parar no subúrbio, onde perdeu a memória e adotou uma identidade mais safada. E agora, o que fazer com uma pessoa com dois lados distintos? Interessante, né?
Como aconteceu: Atílio está até hoje enrolando pra resolver seu problema. Bem, pelo menos a novela está representando bem a demora para marcar consultas.
#22- Preconceito contra o Funk
Como era pra ser: Carlito (Anderson di Rizzi) se torna um cantor de funk por acidente e faz sucesso. Duas enfermeiras do San Magno abandonam a carreira na medicina para se dedicarem à dança nos show dele. Assim, o funk seria abordado como uma maneira alternativa de se conseguir êxito profissional.
Como aconteceu: O funk do Carlito é tão chato que até mesmo os funkeiros passaram a ter ódio do gênero musical.
#23- Virgindade
Como era pra ser: Perséfone (p***a, de novo ela aparece aqui???) é uma virgem com mais de trinta anos, e assim Walcyr poderia mostrar a vida dessas pessoas que, por algum motivo, não tiveram uma relação sexual mesmo passando das 3 décadas de existência.
Como aconteceu: A virgindade de Perséfone acabou sendo associada à gordura dela, e não à chatice. Desse jeito, ela ficou apenas com o plot da obesidade.
#24- Mania de Limpeza
Como era pra ser: Laerte (Pierre Baitelli) tem problemas com louça suja. Já entenderam a dinâmica desse post, né? Era a oportunidade de se falar sobre TOC.
Como aconteceu: A namorada de Laerte pegou AIDS e ele a botou pra fora de casa, chamando-a de “xícara suja”.
#25- Judeus x Palestinos
Como era pra ser: Rebeca (Paula Braun) e Pérsio (Mouhamed Harfouch) vivem um romance proibido por causa de suas religiões opostas. Será que os problemas religiosos ainda têm espaço em um mundo tão moderno e avançado como o nosso?
Como aconteceu: Eles são tão irrelevantes na novela que ninguém nem entendeu o problema.
#26- Assédio Moral
Como era pra ser: Félix chamava a sua funcionária de “cadela”, propiciando o debate a respeito do assédio moral e maus tratos a trabalhadores em empresas.
Como aconteceu: A funcionária não denunciou Félix e apenas o chamou de “cachorro”. Parabéns, mulher, você é uma vitoriosa na Jumentolândia.