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Regional
"Arrematada por R$ 15,4 milhões"
Fonte: Jornal do Cariri
Usina foi adquirida pelo Governo do Estado, por R$ 15,4 milhões, em junho de 2013 (Foto: Serena Morais) |
Dois anos e seis meses depois de investir R$ 15,4 milhões para arrematar a Usina Manoel
Costa Filho, em Barbalha, o Governo do Estado do Ceará mantém o equipamento parado.
A compra aconteceu em junho de 2013, durante um leilão realizado pelo Tribunal Regional
do Trabalho (TRT), em Fortaleza. Na época, a compra foi questionada pela oposição, que
avaliou a medida como eleitoreira.
A promessa do então governador Cid Ferreira Gomes, filiado ao PSB, era fazer um
investimento de R$ 176 milhões em apenas cinco anos. Sob a responsabilidade da
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e da Agência de Desenvolvimento do Estado
do Ceará (Adece), foi prometida a geração de 1.200 empregos diretos e 2.500 indiretos.
Hoje, moradores e políticos locais observam que os equipamentos continuam enferrujando
e nenhum pé de cana foi plantado para alimentar uma possível produção. O vereador Rildo
Teles (PSL), um dos denunciantes do uso eleitoral do investimento, afirma que o
compromisso do Governo do Estado é continuar enganando o povo de Barbalha.
O parlamentar observa que nunca existiram planejamento e vontade política para colocar a
Usina em atividade. “Não existe usina sem plantio de cana. Ao redor, só existe plantio de
banana. Além disso, o Governo do Estado não adquiriu terra nas proximidades da Usina,
nem articulou com produtores. Ou seja, não tem plantio e nem terra para plantar. A
promessa sempre foi mentirosa”, denuncia Rildo.
Em novembro de 2014, o empreendimento trocou de CNPJ e passou a se chamar Usina
Cariri. A solenidade para formalização da nova empresa foi anunciada, assim como o início
dos trabalhos no local. Limpeza da área, recuperação e compra de maquinário foram
prometidos junto ao investimento inicial de R$ 34 milhões.
O Governo do Estado chegou a anunciar um contrato, em regime de comodato, com um
consórcio de seis empresas para assumir a Usina. O grupo OTS, com atuação na Ásia,
América Latina e Europa, teria assumido um contrato por quatro meses, com a Adece e
DAS, para administrar o empreendimento.
O vereador André Feitosa (PPS) disse que o grupo empresarial chegou a se instalar na
cidade e fazer contratações. Mas, segundo o vereador, “o grupo anoiteceu e não
amanheceu”, deixando os trabalhadores e a população sem respostas, nem esperança. “A
empresa trouxe contêineres e muita expectativa, mas a frustração foi total,” lembrou André.
Rildo Teles e André Feitosa devem enviar ofício ao atual governador Camilo Santana (PT)
pedindo explicação sobre o funcionamento da Usina, previsto para junho de 2015. Caso não
haja uma explicação convincente ou omissão na resposta, os parlamentares barbalhenses
prometem recorrer ao Ministério Público do Estado (MPCE). Eles querem a apuração das
responsabilidades do investimento e das promessas não cumpridas.
O equipamento
A usina está desativada desde 2004. O declínio da empresa foi acompanhado da queda no
cultivo da Cana-de-Açúcar na região. Os mais de 60 engenhos se resumiram a cerca de
quatro na atualidade. A expectativa da população era que a usina fomentasse a reabertura
dos engenhos nas localidades rurais de Barbalha.
Tentamos contato com o gerente geral da Usina, Henri Paulo, mas ninguém foi encontrado
no local. A assessoria do Governo Municipal disse não ter qualquer responsabilidade sobre
o empreendimento. Segundo a assessoria de comunicação da Adece, o órgão continua
prospectando investidores para a retomada do funcionamento da Usina Cariri. Em virtude
da crise econômica nacional, bem como os fatores climáticos, os empresários têm se
comportado de forma conservadora, adiando a realização de investimentos em novos
empreendimentos. A Adece acredita que, com a concretização da transposição do Rio São
Francisco e do Cinturão das Águas, o cenário ficará mais favorável para a captação e
realização dos investimentos necessários.
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