Morre o ator Sérgio Britto, neste sábado (17), aos 88 anos |
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17/112/2011
G1
A morte do ator Sérgio Britto, neste sábado (17), aos 88 anos, vítima de complicações cardiorrespiratórias, faz os palcos do Brasil silenciarem-se. Afinal de contas, era um dos últimos representantes da geração dos grandes atores brasileiros.
Gostava tanto do teatro que não tinha paciência para as telenovelas. Na TV, só gostava mesmo de seu programa, Arte com Sérgio Britto, na TV Brasil. Na última vez que o encontrei, em uma entrevista realizada em seu quarto em um hotel da avenida Ipiranga, em São Paulo, em 2009, ele me recebeu bem-humorado, dizendo que eu teria de ser paciente, pois tudo na vida dele “tinha muito tempo”. Era homem simples, mas tinha consciência de sua importância para a história da dramaturgia nacional.
- Sem nenhuma pretensão, faço parte da geração que solidificou a renovação teatral.
Na época, ele estreava na capital paulista aquele que foi seu último espetáculo: o monólogo que reuniu dois textos de Samuel Beckett, A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras 1, no Sesc Santana. A interpretação deu a ele o Prêmio Shell de melhor ator.
Britto gostava de contar histórias da época em que, ao lado de gente como Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Sergio Cardoso, Tônia Carrero e Ítalo Rossi, praticamente fundou o teatro nacional.
A carreira artística contrariou a mãe, que sonhava ver o filho médico. Mas as idas ao teatro na companhia do pai o fizeram encantar-se com aquele mundo. Britto até estudou medicina até o fim do curso, mas nunca foi buscar o diploma. Seu caminho começou no teatro universitário e, depois, se juntou à companhia de Sérgio Cardoso.
Morou em São Paulo por dez anos, na década de 1950. Entre 1956 e 1965, fez história no Grande Teatro da TV Tupi, levando à TV 400 textos clássicos adaptados por Manoel Carlos. No teatro, logo foi cooptado pelo Teatro de Arena de José Renato.
Em nosso último encontro, Britto lembrou como a chegada em São Paulo foi importante para ele.
- São Paulo para mim uma parte muito forte. Era outra cidade. Parecia uma grande cidade do interior. Você ia comer naquele bar e sabia que podia encontrar todo mundo. Era uma vidinha arrumada. Na esquina das avenidas São João e Ipiranga tinha o Jeca, um bar que era famoso. A gente ia jantar lá e comprávamos os jornais do Rio para ler em casa. Era uma vida culturalmente muito rica.
Com um passado tão importante, Britto costumava ser feroz com a nova geração de atores. Dizia que os atores de hoje em dia não têm compromisso com a arte, mas “buscam textos para promovê-los”.
Quando o perguntei como conseguia forças para excursionar país afora, ele olhou firme nos meus olhos e foi categórico.
- A força vem da vontade de fazer. Chega uma hora em que bate um pouco pesado. Hoje, acordei meio bombardeado, mas amanhã tenho ensaio e sei que vou melhorar. Não tenho medo da morte.
Nós é que morríamos de medo de perder Sérgio Britto.
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