26/02/2012
Fonte Diário do nordeste
(IVNA GIRÃO
REPÓRTER)
Especialistas apontam áreas com maior fluxo de ´camelôs´ como sendo as mais vulneráveis para os acidentes
Entre os problemas listados por especialistas, estão a total falta de manutenção, a antiguidade dos imóveis, o mau isolamento das muitas conexões elétricas, as emendas de fios expostos, fiação com má qualidade, ausência de extintores, rotas de fuga e presença ostensiva de materiais inflamáveis, como plásticos e isopores. Entre tantos outros motivos, felizmente, alguns já reconhecidos pelo Poder Público, mas tão difícil de ser resolvido. Para a presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge-CE), Thereza Neumann, a entidade integrante do Fórum Viva o Centro lamenta os riscos e afirma que a situação atual é oriunda de décadas de descaso e falta de fiscalização.
O agravante é que, segundo ela, diferentemente da estrutura de concreto - que é mais visível, as fiações, possíveis causadoras de incêndios, são mais escondidas, conseguem sair mais do foco de análise. "Muitos prédios e lojas não passam por reformas, por exemplo, só por adaptações. As lojas só têm aparência de novas, não suportam a quantidade de energia que é demandada. Tem muito fio antigo ainda. Autoridades têm que prestar bem mais atenção", critica Thereza.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-CE), Victor César da Frota Pinto, "engrossa" o couro das reclamações e solta um alerta sobre a região. "Do jeito que o Centro está, os frequentadores estão correndo riscos diários. Os imóveis antigos, obras irregulares e falta de rigor nas construções torna o ambiente hostil e perigoso", comenta.
Mais do que nunca, segundo o presidente, torna-se urgente a votação, na Câmara Municipal de Fortaleza de um Projeto de Lei que, se aprovado, pode tornar obrigatória a manutenção preventiva das edificações na Capital. "Estamos pressionando para a aprovação ainda neste mês de março", relata Victor Frota.
O texto da lei de Prevenção Predial está sendo elaborado, segundo o presidente do Crea-CE, em parceria também com outros órgãos, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) e com a Prefeitura, que seria a responsável pela emissão do Certificado de Inspeção Predial.
Entretanto, a fiação não é a única vilã no Centro. Problemas com a parte estrutural de prédios antigos, de fachadas e marquises também preocupam. Prova disso, são as constantes denúncias recebidas pela Defesa Civil. Em toda a Cidade, foram recebidas mais de 50 ocorrências de desabamento em fevereiro.
No Carnaval, por exemplo, foram 34 casos, sendo 19 só riscos de incêndios, 12 de desabamentos, entre tantos. "Muitos dos casos que recebemos são no Centro. Fazemos vistorias preventivas, mas sempre há riscos", informa Alísio Santiago, o coordenador da Defesa Civil Municipal.
Uso de energia só aumenta
Luminárias, computadores, ar-condicionados, caixas de som e tantas outras mil aparelhagens ligadas ao mesmo tempo em um só lugar. Imagina o tamanho do risco? No Centro, a demanda elétrica só tem aumentando a cada ano, afirma o gerente de distribuição de Fortaleza da Companhia Energética do Ceará (Coelce), Jairo Kennedy. Atualmente, o bairro é o segundo colocado em relação à demanda de carga, perdendo apenas para Aldeota.
Além das centenas de lojas e magazines, dos postes e fios, dos prédios antigos, da intensa movimentação, ainda há, no cotidiano da região, uma enxurrada de "camelôs" que tornam o Centro um local de muitos riscos.
"A região cresceu muito. E, por isso, sabemos da grande vulnerabilidade. Daí, darmos uma atenção especial ao local, mais cuidado. O problema se agrava ainda mais com as atuais chuvas. Os cabos antigos, a isolação ruim e os vazamentos devem ser todos extintos", alerta Kennedy.
Prevenção
Em meio a tantos males, a prevenção parece ser fundamental. Para tal, a titular da Secretaria Regional do Centro (Sercefor), Luíza Perdigão, promete aumento da equipe técnica. "Com a realização do último concurso público e chegada dos novos fiscais, a Prefeitura tem realizado mais fiscalização ostensiva", conta.
Ainda segundo ela, a Sercefor estaria realizando um mutirão junto aos estabelecimentos comerciais para apresentação dos alvarás de funcionamento.
"É importante porque, entre a documentação exigida para sua emissão, consta o projeto contra incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Daí, as empresas procurarem se regularizar para continuarem funcionando", diz.
Sobre os últimos incêndios no Centro, o Corpo de Bombeiros informa ainda que os pontos de maiores riscos hoje são aqueles em que existe grande acúmulo de material inflamável. Por isso, seria tão importante que as edificações obedecessem às Normas provenientes da Lei 13.556.
"A data de construção das edificações é mais antiga do que a data de publicação de muitas Normas Técnicas que dispõem sobre a segurança contra incêndio e pânico. A manutenção elétrica das edificações geralmente não é feita. Assim, a combinação das características faz com que o Centro seja um cenário ideal de incêndios de proporções relevantes", informa a instituição.
Falta de estrutura
50 registros de desabamento em toda a Cidade foram feitos pela Defesa Civil apenas no mês de fevereiro. As denúncias recebidas pelo órgão do Município são constantes
34 ocorrências foram registradas, na Capital, pela Defesa Civil, somente no Carnaval. Entre elas,19 riscos de incêndio e 12 de desabamentos
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