ENTRETENIMENTO: Frio na Barriga Giulia Gam conta estar propositadamente alguns tons acima como a histriônica Bárbara Ellen

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FONTE DÁRIO DO NORDESTE

Giulia no desafiante papel de Bárbara Ellen Foto Raphael Dias/TV Globo

Destaque em ´Sangue bom´, Giulia Gam conta estar propositadamente alguns tons acima como a histriônica Bárbara Ellen, comenta erros e acertos do passado e, aos 46 anos, afirma que os momentos difíceis ficaram para trás

Giulia Gam demora duas horas para se transformar em Bárbara Ellen, atriz decadente de "Sangue Bom". A preparação tem direito à peruca, batom vermelho, cílios e unhas postiças. Um dos destaques da trama das 19 h da Globo, a atriz também emagreceu "uns 10 quilos" para o papel.

"É bacana mobilizar o público. E causar um impacto dessa dimensão numa novela em pouco tempo. Mas imaginei isso quando li o texto. E estou achando o máximo" diz.

Criada pelos autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, Bárbara Ellen se acha uma verdadeira diva. Compensa a falta de talento trocando de maridos e adotando filhos para se manter em evidência. Para brincar com o universo da histriônica atriz, diz Giulia, é preciso know-how.

"Você tem que ter um repertório. A orientação foi fazer o mais sério possível. Em cena, estou uns quatro tons a mais. Esse é um personagem que se errar, vai errar muito", comenta a atriz.

Às gargalhadas, ela lembra da ligação que recebeu de um tio após o capítulo de estreia: "A frase dele foi: "Giulia, o que é isso? De onde você tirou essa mulher?".

Uma mudança para Giulia que conta preferir começar mais discreta antes de ganhar terreno na trama. Foi assim com a Heloísa, a ciumenta de "Mulheres apaixonadas" (2003), e com Bruna, a carola de "Ti-ti-ti" (2010). Com Bárbara não foi possível. Ela é do tipo que "chega chegando".

"Exige muito. Fico pregada depois de gravar oito horas seguidas. É muita adrenalina e dá medo porque ela é importante na trama", confessa.

Bom momento

O momento é de paz e isso se reflete em seu ofício. Hoje, uma das questões que preocupam Giulia é como manter o entusiasmo pela carreira iniciada aos 15 anos de idade, no teatro. Na TV, ela estreou em 1987, nos primeiros capítulos de "Mandala". Já "Que rei sou eu?" (1989) foi sua primeira novela completa. Para Giulia, seu trabalho é marcado pela minissérie "Dona Flor e seus dois maridos" (1998) e pelo papel em "Mulheres apaixonadas". Mas foi com Bárbara Ellen que admite ter voltado a sentir um frio na barriga ao gravar.

Em "Dona Flor e seus dois Maridos" e "Saramandaia"

Giulia não parou de trabalhar, mas se voltou mais para a sua vida pessoal na virada dos 30 anos. Casou-se com o jornalista Pedro Bial e engravidou de Theo. A separação do casal, com a briga de dois anos pela guarda do filho, não foi amigável.

"Tive experiências fortes e passei por momentos difíceis. A minha mãe teve câncer e faleceu em 2007. Mas agora está tudo encaixado, no lugar. O Theo está crescido e a questão toda envolvendo o Pedro também foi resolvida".

Em casa, com o filho, a conversa sempre foi franca. "Filho é um espelho. Vemos nossos valores e referências bem ali. É um amor incondicional, mas você não pode transferir suas angústias para uma criança".

Foi depois dos 40 que Giulia começou a pensar sobre a passagem do tempo e seus efeitos. "Até os 40 você quer ser reconhecida pela simpatia e talento. Depois quer ser linda e gostosa", diverte-se.

Brincadeiras à parte, ela gosta de fazer uma mulher sexual aos 46. "Nunca meti os peitos nessa coisa mais sensual", conta ela, que descobriu o lado sedutor em "Dona Flor e seus dois maridos".

Com Bárbara Ellen, ela pode exercer sua sedução. "É bom estar na TV depois dos 40 sem cair apenas no rol das mães. Mas é difícil envelhecer no vídeo", desabafa.

Fato é que Bárbara Ellen deve entrar para a lista dos grande papéis de Giulia. A autora Maria Adelaide Amaral revela que pensou no papel como um "prêmio" para a atriz depois de seu empenho em "Ti-ti-ti".