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Política
"Bolsa-Família"
Os novos retirantes – Desde maio, o agricultor Osmar de Oliveira não recebe mais os 309 reais a que tinha direito pelo Bolsa Família. A moto estacionada na frente da casa, ou o fato de sua mãe, que mora no mesmo terreno, receber aposentadoria do INSS, pode ter sido o motivo da suspensão do pagamento, desconfia ele. Agora, sem dinheiro para a carne e a gasolina, Oliveira estuda seguir a trilha que conterrâneos percorreram décadas atrás e deixar a mulher, Jailma, e os filhos, Beatriz e Ismael, para buscar emprego em São Paulo(Leo Caldas/VEJA) |
Primeiro, chega a "cartinha". Com
carimbo do Ministério do Desenvolvimento Social, ela pede ao beneficiário do
Bolsa Família que se apresente na prefeitura da cidade para agendar a visita de
um assistente social à sua casa.
A partir desse momento, o dinheiro do programa
já para de entrar na conta da família.
Semanas depois, o assistente social toca
a campainha.
Prancheta, caneta e almofadinha de carimbo na mão (para os casos
em que o beneficiado não sabe escrever), ele faz perguntas sobre cada morador
da casa: quem estuda, quem trabalha, quanto ganha.
Caso note a presença de uma
moto, de uma TV de LED ou de qualquer elemento que destoe do cenário de pobreza
obrigatório, indaga quando a família adquiriu o bem e com que recursos.
Encerrada a entrevista, pede ao beneficiário que assine o formulário preenchido
e encaminha o papel à prefeitura.
Feito isso, o resultado é quase sempre o
mesmo: adeus, Bolsa Família.
Poucos dos que recebem a visita do assistente
social conseguem manter o benefício.
Sem anúncio nem
alarde, o governo federal começou a passar a tesoura nos programas sociais.
O
Bolsa Família, carro-chefe da administração petista, sofreu neste ano o mais
profundo corte desde que foi criado, há onze anos.
Apenas no primeiro semestre
de 2015, 782.313 famílias deixaram de receber o benefício.
Para diminuir os
custos do programa sem admitir sua redução, o governo passou a promover um
pente-fino silencioso entre os cadastrados.
Desde maio, vem cruzando seus dados
com informações do INSS e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), por
exemplo.
O objetivo é identificar quem possui bens incompatíveis com o teto de
renda permitido aos participantes do programa (até 154 reais por membro da
família, o que torna difícil a compra de um carro, por exemplo) ou está
acumulando benefícios indevidamente.
Os que já recebem a aposentadoria rural de
um salário mínimo não podem ganhar Bolsa Família.
Também estão impedidos de
integrar o programa pescadores que recebem o seguro-defeso - pago durante o
período de procriação dos peixes.
Esse veto surgiu de uma portaria criada pelo
governo federal em março deste ano.
Desde então, em cidades do Nordeste que
vivem da pesca, como Saubara, na Bahia, a queda no número de beneficiários do
Bolsa Família foi de quase 70%.
Fonte: Veja |
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