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FONTE ESTADÃO.COM
Atores, músicos e parentes de Barbosa destacaram trajetória pessoal e o fato de Judiciário ser presidido por um negro pela primeira vez
Às 15h21, o ministro Joaquim Barbosa adentrou o plenário do Supremo Tribunal Federal ao lado da presidente Dilma Rousseff. Começava a sessão que empossou o primeiro negro como presidente da Corte.
Ambos estavam sérios, sisudos - Dilma ficaria assim até o fim da
solenidade. Barbosa dizia que a posse era apenas uma "honra a mais",
algo previsível para um integrante do tribunal. Para seus convidados e
principalmente para sua mãe, Benedita Gomes da Silva, motivos não
faltavam para festejar o momento.
"Estou muito orgulhosa do Dito", disse Benedita, que posava
sorridente para fotos ao lado dos filhos e netos. "Jamais imaginei estar
aqui ou uma coisa destas na vida. Mas posso te dizer que é merecido.
Ele sempre foi muito estudioso. É muito dedicado", afirmou a mãe, com os
olhos marejados. "Estou muito feliz. Nem sei quanto."
Cantores e atores convidados para a posse, tietados antes e depois da sessão, comemoraram a ascensão de Barbosa.
Muitos inclusive ressaltavam a trajetória de vida que o próprio
ministro prefere tratar com discrição. "É um momento importante, não só
pela negritude, mas por ser pobre, filho de pobre. É um estímulo para os
jovens de hoje", disse o cantor e compositor Martinho da Vila. "Mais
uma vez o sol brilhou no STF", afirmou o ator Milton Gonçalves.
Barbosa se manteve sério até a conclusão do Hino Nacional, tocado
pelo bandolinista Hamilton de Holanda. Ao fim da execução, abriu o
primeiro sorriso. Dilma permanecia impassível. Barbosa olhou em volta,
mas sua atenção estava concentrada na primeira fila, onde estavam
sentados sua mãe e seu filho, Felipe. Novo sorriso, agora mais discreto.
Às 15h32, Barbosa é empossado presidente do Supremo. Os convidados o
aplaudem de pé - alguns chegam a gritar.
Barbosa sorri e caminha na direção de Dilma para cumprimentá-la. A
presidente lhe estende a mão num cumprimento frio. Depois, é empossado
vice-presidente Ricardo Lewandowski. Dilma cumprimenta o ministro com
dois beijos no rosto.
Costas. Até aquele momento, Barbosa resistia às
dores nas costas e não havia trocado a cadeira desconfortável do Supremo
por uma anatômica, que o acompanha há anos. O senta e levanta da
solenidade - para a entrada dos ministros, para ouvir o Hino Nacional -
acaba ajudando.
A palavra é passada ao ministro Luiz Fux, para o discurso de saudação.
Foram 42 minutos que colocaram à prova as dores na espinha, na
definição do próprio Barbosa. Antes de pedir que troquem a cadeira, tira
os óculos e seca o suor com um lenço.
Barbosa havia pedido que os discursos fossem curtos. Fux destoou.
Apesar da monotonia, que fez o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, bocejar duas vezes, Fux ouviu aplausos ao citar o mensalão.
Às 16h41, Barbosa se levantou para fazer seu discurso. A toga ficou
presa sob uma das rodas de sua cadeira. Dilma o ajudou a desprender a
toga. O novo presidente falou baixo, pausadamente. Um clima bem
diferente de qualquer sessão de julgamento do mensalão.
Barbosa e Lewandowski serão presidente e vice por dois anos.Nesta
quinta-feira, 22, a dupla que teve ríspidas discussões nos últimos meses
estava em sintonia. No Salão Branco, antes da sessão, Barbosa tropeçou e
caiu em um tablado onde as autoridades aguardavam o início da
cerimônia. Lewandowski lhe estendeu a mão e ofereceu um copo d’água.
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