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Regional
"Crise Econômica"
Um dos alimentos mais tradicionais do brasileiro, apresentou significativo aumento nas últimas semanas´ (Foto: André Costa) |
Alta
Segundo o gerente da Ceasa Cariri, José Marajaig Leite Novais, o preço do saco de feijão de
60Kg que em maio de 2015 estava custando cerca de R$ 140, saltou para R$ 400 em maio deste
ano. "O impacto para o atravessador foi de 20% a 30%. Quando esse alimento chega às
prateleiras dos mercantis, o preço quase dobra se comparado há alguns meses, pois os
produtores e atravessadores querem minimizar os prejuízos", ilustra o gerente do principal centro
de abastecimento do Cariri que, somente no ano passado, ofertou mais de 60 mil toneladas de
produtos hortifrutigranjeiros.
Outros alimentos
Além do feijão carioca, outras variedades do alimento também tiveram aumento na Ceasa Cariri.
O do tipo macassar, produzido no Pernambuco, passou de R$ 170 para R$ 300. Já o saco do
feijão preto, oriundo do Sul do País, subiu 35%, chegando a custar quase R$ 50. "Subiu também o
milho, mais de 60%, a batata doce, o arroz e outros.
Em contrapartida, o tomate, por exemplo, caiu bastante. O pimentão, também, passou de R$ 40 a
saca, para R$ 25", afirmou Marajaig.
Nos dois maiores atacarejos do Cariri, o preço do quilo do feijão de melhor qualidade chega a
custar R$ 11. Preço semelhante ao praticado nos mercantis e mercearias de menor porte.
Desabastecimento
A troca entre os tipos de feijão além, claro, de não agradar todos os paladares, expõe outra
problemática. O risco de desabastecimento, caso o quadro de chuva não melhore, já passa a ser
considerado. O feijão de corda produzido no Ceará, Pernambuco e Bahia não seria suficiente para
suprir a demanda do feijão carioca, ressaltou o gerente da Ematerce. "Não tem mágica, sem
chuva, a produção fica amplamente comprometida", acrescentou Erivaldo, ao lembrar que o feijão
carioca, que hoje apresenta déficit de oito mi de sacas, "só é produzido no Brasil".
Entrevista: Eduardo Carvalho
Economista e professor de Finanças
Como explicar esse aumento nos preços dos alimentos, com destaque para o feijão?
A decisão de produzir, por parte das empresas, e a de consumir, por parte dos indivíduos é
diariamente afetada pela lei da oferta e da demanda. Nem sempre o preço permanece em
equilíbrio, pois existem forças que podem alterar o valor e/ou a relação da quantidade demandada
e ofertada. Vários fatores podem ser apontados para explicar o aumento do preço dos alimentos,
por exemplo, a desvalorização cambial, que aumenta o preço de insumos importados, além de
incentivar a exportação de parte maior da produção, reduzindo o volume de alimentos destinado
ao mercado interno. No caso do feijão pode ser creditada também aos fatores climáticos. Nossa
região sofre com escassez e irregularidade das chuvas acarretando uma queda na qualidade e na
produção de grãos.
Qual o impacto desse aumento na renda das famílias? Quem são os mais afetados?
Diante de um cenário econômico adverso, com ajuste fiscal, realinhamento de preços e crises
hídrica e energética, os grupos de preços têm gerado grande impacto no orçamento familiar. O
impacto do aumento no preço do feijão é sentido por várias famílias. Porém, são as mais pobres
que sofrem de forma mais drástica e imediata. O problema se agrava por não encontrarem bem
substituto com preço mais barato.
Há uma projeção para que os preços voltem à normalidade?
Sim. Porém, as primeiras projeções são de que os preços de alimentos devem sofrer mais
elevações diante de safras abaixo do esperado, o aumento dos custos de produção, os efeitos da
inflação e da especulação em torno das commodities. Em parte, esse aumento está atrelado a
uma instabilidade econômica em que os ofertantes têm buscado alternativas para enfrentar a
recessão econômica e o aumento dos custos de produção, entre outros. Tão logo, a economia
volte a crescer a tendência é que teremos uma diminuição nos preços. É evidente que isso não
ocorrerá de uma hora para outra.
A inflação impacta negativamente neste quadro?
Sim. A Inflação é um fenômeno que pode ser entendido como a perda do poder de compra do
dinheiro ou o aumento generalizado dos preços praticados no mercado. A inflação da cesta básica
é o principal fator desse aumento generalizado dos preços. O impacto é imediato, as pessoas
começam a consumir alimentos com mais racionalidade e eliminam os supérfluos. Isto é
preocupante, porque acaba diminuindo as vendas. Muitos comerciantes passam a ter dificuldades
em pagar seus fornecedores, e isso propicia um movimento em cadeia em diversos setores da economia, causando um efeito dominó.
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