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Polícia
"Narcotráfico"
A droga, avaliada na época em mais de dois milhões de reais, estava escondida em um caminhão misturada a produtos alimentícios (Foto: Kiko Silva 23/09/2014) |
Os meios encontrados pelos traficantes de drogas para injetar produtos entorpecentes no Ceará
têm se tornado vastos e cada dia mais complexos, além de ousados. Conforme apuração do
Ministério Público Federal (MPF), baseado em investigações da Polícia Federal (PF), há indícios
de agentes fiscalizadores do Estado que recebem propina para facilitar a passagem de veículos
carregados de produtos ilícitos.
A Polícia Federal, inclusive, instaurou inquérito e investiga, pelo menos, dois fiscais da Secretaria
da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz CE). Eles teriam recebido R$ 30 mil para liberar em um
posto de fiscalização um caminhão com mais de duas toneladas de maconha oriunda do
Paraguai, com destino a Fortaleza.
A reportagem teve acesso à denúncia que o MPF encaminhou à Justiça Federal quando do
julgamento de uma quadrilha, presa pela PF em setembro de 2014 no Barroso, Grande
Messejana, em Fortaleza.
Em depoimento, os acusados confessaram terem efetuado o
pagamento da propina a dois servidores estaduais lotados no posto de fiscalização de Aracati, a
150Km da Capital. A quadrilha trazia a droga do Paraguai em um caminhão baú.
Disfarçado de
entrega de alimentos, o veículo escondia 136 pacotes de maconha que, após pesados, somaram
2,5 toneladas da droga.
Segundo o processo, o trabalho de investigação da PF levou à interceptação do caminhão por
volta das 22h de 22 de setembro de 2014, na Rua Rosa Beatriz, Bairro do Barroso.
Em meio à
carga de maconha, segundo a PF, havia ainda uma pistola Glock 17C, calibre 9mm e munições,
todas de uso restrito.
De acordo com as apurações, o veículo foi parado no Posto Fiscal de Aracati por volta das 9h
daquele dia. Dois funcionários mandaram o motorista encostar o caminhão e abrir o baú.
Ao
averiguar a carga, os fiscais teriam localizado a maconha.
Entretanto, ao invés de acionar a Polícia e reter os suspeitos que trafegavam com a droga, os
funcionários do posto teriam exigido a quantia de R$ 30 mil como propina para a liberação do
material irregular.
Por volta das 18h daquele dia, dois membros da quadrilha teriam chegado ao
posto com o valor e obtido, assim, a liberação do carregamento de entorpecente. Conforme a
denúncia, após o recebimento da propina, "um dos funcionários do posto fiscal que realizou a
vistoria no caminhão chegou com a nota e liberou a saída do veículo do pátio".
O veículo seguiu viagem até ser interceptado pela equipe da Polícia Federal quando se
aproximava de um galpão. No ato da deflagração da operação, seis homens foram presos. O
suspeito de ser o comprador do material e chefe do bando de traficantes internacionais de
entorpecentes foi capturado no dia seguinte.
Presos
Vinham no caminhão Daniel Lauzat Ferreira, 33, paranaense e que era o motorista do veículo, e
Mário César Braga Florêncio, 27.
Dando apoio em uma Toyota Hilux estavam o potiguar Francisco
das Chagas de Medeiros Júnior, 33, e o paraguaio Pastor Florêncio Cabral Gimenez, 45.
No local onde a droga seria entregue foram capturados o paulista Lineker Fabrício da Silva, 33, e
José Wilson Honorato Araújo, 36.
Somente no dia seguinte, o paranaense David de Oliveira
Gonçalves, o ´JJ´ ou ´DVD´, 27, que era o principal alvo da ação, foi detido.
Em agosto do ano passado houve o julgamento da quadrilha. Todos os envolvidos foram
condenados a mais de dez anos de prisão.
Dos seis acusados, cinco cumpriam a pena na
Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima, antiga CPPL I, em Itaitinga e um na
Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, na Pacatuba. Em março deste ano, Pastor
Florêncio fugiu misteriosamente da CPPL I.
Fonte: Diário do Nordeste
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