Multidão lotou a praça Bolívar na capital do país durante a noite após o anúncio da morte do presidente venezuelano; episódios de violência isolados foram registrados no país Milhares de partidários do presidente Hugo Chávez tomaram as ruas de Caracas durante a noite de terça-feira (5) para expressar sua dor após a morte do líder de 58 anos . A Venezuela decretou sete dias de luto por Chávez, que governou o país latino-americano por 14 anos.
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Chávez morreu na terça-feira (5) às 16h25 locais (17h55 em Brasília). Ele havia voltado a Caracas no dia 18 , após ter sido submetido em Cuba em 11 de dezembro a uma quarta cirurgia relativa a um câncer não especificado na região pélvica, que havia sido diagnosticado em junho de 2011 .
Seu corpo será levado em procussão até a Academia Militar em Caracas, onde permanecerá até o funeral na sexta-feira. Todas as escolas e universidades do país ficarão fechadas durante toda a semana.
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Desde a morte de Chávez, o clima nas ruas do país é de comoção, sobretudo em Caracas. No centro da capital, as pessoas caminham chorando, conversando ao telefone e comentando a notícia, que muitos dizem se esforçar para acreditar.
"Não pode ser. Chávez era a esperança do povo venezuelano. Era o líder, o irmão, o amigo, ele mudou nossa história. Não sei como vai ser agora", disse à BBC Brasil o professor Jonás Alcalá, visivelmente abalado.
Para ele, a "revolução bolivariana" liderada por Chávez durante 14 anos não termina com sua morte. "Ele lutou incansavelmente pelo país e nos deixou o caminho aberto para construir a pátria socialista, agora depende de nós", afirmou.
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O comerciante Pedro Contreras, ao telefone, tentava acalmar a filha recém informada da morte do presidente. "Vamos manter a calma filha, a vida continua", dizia, consternado. "Ele era grande demais para ser mortal", comentou Contreras.
Multidão na Praça Bolívar
Uma multidão lotou a simbólica Praça Bolívar, em Caracas, após a confirmação da morte de Chávez. Tristeza, lágrimas, cantos e palavras de ordem dominam o ambiente. Cada um trouxe consigo camisetas com a estampa do presidente, bandeiras e cartazes.
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"Queremos recordar aqui a memória de nosso comandante. Hoje temos pátria e é graças a ele. Viva Chávez", gritou um manifestante. Em lágrimas, a simpatizante Eva Ruiz dizia sentir como se fosse a morte de um familiar. "Ele era nosso pai, irmão, amigo. É muita dor para todo esse povo que despertou graças a ele", afirmou.
No leste da cidade, reduto da oposição, alguns motoristas, ostentando grandes caminhonetes, tocavam a buzina com ânimo, comemorando a notícia. Diaristas que deixavam seus trabalhos caminhavam apressadas rumo à estação de metrô. "Estou arrasada", disse Maria Hernandez, com lágrimas nos olhos, correndo para por voltar para casa.
O dentista Daniel Pérez também tinha pressa em voltar para casa. "Imaginava que isso já tinha acontecido. Pelo menos agora acabarão os rumores", afirmou Pérez. O hermetismo com o qual foi tratada a doença do presidente, até o final, abriu caminho para uma série de rumores.
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Opositor, o dentista afirma não temer cenários de desestabilização, ao reconhecer que Chávez "deixou tudo preparado" para evitar qualquer tentativa de golpe ou desordem social. "Há um governo consolidado há 14 anos e isso temos que reconhecer", afirmou.
Anúncio da morte
A doença de Chávez impediu que o presidente tomasse posse em 10 de janeiro , depois de ter sido reeleito ao poder em outubro .
Com voz embargada e lágrimas escorrendo em seu rosto por diversas vezes, o vice-presidente Nicolás Maduro anunciou a morte do presidente "após uma dura batalha contra uma doença por quase dois anos" em um pronunciamento à TV. "Não vamos deixar existir fraqueza, nem violência. Que não haja ódio. Em nossos corações só deveremos ter um sentimento: amor."
O vice acrescentou que tropas e agentes policiais estarão nas ruas para "garantir a paz". Em comunicado, o Exército se comprometeu em permanecer leal a Maduro, que assume interinamente a presidência, e ao parlamento.
Episódios de violência isolados foram registrados após a morte de Chávez. Tendas de estudantes que pediam informações mais claras sobre as condições de saúde do presidente foram queimadas. Ninguém ficou ferido.
Futuro da Venezuela
Maduro assumirá o comando do país interinamente e, daqui a 30 dias, convocará eleições gerais , segundo informou o chanceler Elías Jaua.
"Está muito claramente estabelecido o que acontece, e o que sempre defendemos, agora que se produziu uma ausência absoluta, assume o vice-presidente da República como presidente e se convocam novas eleições nos próximos 30 dias", disse Jaua em comentários televisionados, não deixando claro se a votação ocorre daqui 30 dias, como previsto pela Constituição.
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