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Ceará
Aos 110 anos, "Zé Preto" passeia na Praça de Tauá, conversa pouco e ri muito (Foto: Jorge de Moura/Diário do Nordeste) |
O agricultor aposentado, Jose Rodrigues Avelino, mais conhecido por ´Zé Preto´,que
completou 110 anos de vida no último dia 5 de janeiro, morador desta cidade, na região dos
Inhamuns, pode ser o homem mais velho do Brasil e um dos mais idosos do Mundo.
Ele é
candidato a ingressar no livro dos recordes, o ´Guinness World Records´.
Uma organização
internacional que faz consulta para o ranking de pessoas centenárias aguarda o envio de
documentação para comprovar a idade de ´Zé Preto.
O Diário do Nordeste publicou, no caderno Regional, no último dia 5 de janeiro, matéria com
o título "Idoso de Tauá faz 110 anos".
A reportagem despertou a atenção de um dos
coordenadores do grupo de trabalho para o "Gerontology Research Group" que é o
consultor principal para o Guinness World Records.
É a mesma equipe que autenticou
Maria Gomes Valentim como pessoa mais velha do Brasil e do mundo, em maio de 2011.
O grupo agora investiga a possibilidade de localizar pessoas com 110 anos ou mais no
Brasil. "Jose Rodrigues Avelino, é um provável candidato a ser um ´super centenário´, de
acordo com as nossas pesquisas iniciais", afirmou um dos coordenadores da equipe,
Ricardo Pereira Lago.
"Ele poderá ser a segunda pessoa mais velha viva no Brasil e o
homem mais idoso".
A equipe de pesquisa tem sede em Los Angeles, Califórnia, Estados
Unidos.
Autenticados
Mediante a consulta internacional, amigos e parentes de Zé Preto, nesta cidade, preparam
os documentos a serem autenticados e enviados para o grupo de pesquisa.
"Temos
certidão de casamento e carteira de Identidade", disse o secretário executivo do Pacto
Ambiental dos Inhamuns, Jorge de Moura, que auxilia a família do centenário.
Enquanto a documentação é organizada e enviada, seu Zé Preto mantém sua rotina diária
em Tauá.
Anteontem, pela manhã, ele aproveitou a temperatura amena, o tempo nublado, e
saiu para dar uma volta na pracinha no entorno da Igreja Matriz de Nossa Senhora do
Rosário.
Lúcido, brinca com os amigos, dá risadas e recorda que naquele lugar ´passou
bons momento da vida´ e volta a dar risadas.
Centenários no Brasil
De acordo com dados do censo demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil havia 24.233 pessoas com cem anos ou mais,
naquela data. Eram 16.989 mulheres e 7.247 homens.
A distribuição por domicílio indicava
que do total, 19.766 moravam em áreas urbanas e 4.470 em áreas rurais.
O Estado que
apresentou o maior número de pessoas naquela faixa etária foi a Bahia com 3.578, seguido
de São Paulo com 3.234; Minas Gerais com 2.643; depois aparece o Rio de Janeiro com
1.747; Pernambuco com 1.599 e o Ceará ocupando a sexta posição com 1.271.
No Ceará, de um total de 1.271 pessoas com cem anos ou mais registrado pelo IBGE, em
2010, a distribuição por sexo mostra que 842 são mulheres e 429 homens.
A maioria mora
nos centros urbanos, seguindo a tendência nacional. São 937 em áreas urbanas e 334 na
zona rural.
A maior parte residia em Fortaleza (311); seguido de Juazeiro do Norte (39);
Caucaia (34); Crateús (24); Maracanaú (23) e Canindé (22).
Longevidade
O gerontólogo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Raimundo Neto de
Carvalho, que desenvolve trabalho social no Sesc, em Iguatu, observou que a longevidade
tem sido maior nas duas últimas décadas e essa é uma tendência a permanecer. Ela chama.
a atenção para a necessidade da sociedade e do Estado se preparar para essa nova
realidade acolher e oferecer serviços para os idosos.
Por que as pessoas vivem mais? A resposta, segundo Raimundo Neto decorre da melhoria
da qualidade de vida, do acesso aos serviços de saúde (mesmo com precariedade),
alimentação mais saudável e prática de atividades físicas.
"Não há mais aquele trabalho
pesado na roça, sob o sol escaldante.
Mesmo em período de seca, ninguém passa ou
morre de fome", observou. "Antes, as pessoas se debilitavam, ficavam doentes,
envelheciam e morriam muito cedo".
A expectativa de vida vem aumentando no País e daqui a duas décadas mais pessoas
centenárias vão alimentar as estatísticas do IBGE.
"O idoso de hoje talvez não tenha tido os
cuidados que a geração atual está tendo, mas, mesmo assim, recebeu atenção na velhice,
que se prolonga", observou.
"Prevenção, os medicamentos, exames e cirurgias contribuem
para uma vida mais saudável e duradoura".
Mediante essa realidade, o gerontólogo vê a sociedade despreparada, os serviços públicos
ainda inadequados para acolher os idosos.
"Não há acessibilidade, a locomoção é
inadequada e os jovens de hoje precisam se preparar para cuidar dos idosos de amanhã",
frisou.
"O Brasil não é mais o País de jovens da década de 1970. A pirâmide etária está
invertida".
Na cidade de Tauá, ´Seu Zé Preto´ relembra que nasceu na localidade de Jurema,
município de Independência, 17 anos após a Abolição da Escravatura e, mesmo assim,
viveu, durante a infância, a condição de trabalho escravo em área rural do Estado.
O
centenário é um homem humilde, trabalhador da roça que durante sua vida dedicouse às
atividades do campo, o serviço de preparo de terra, plantio e colheita de grãos e de
algodão.
Até o início do ano passado, fazia caminhada para manter a boa saúde e, a cada fim de
mês, ia receber o dinheiro da aposentadoria rural no banco, na companhia de um neto.
Ao
completar 110 anos permanece lúcido, conversa pouco e não reclama de nenhum problema
de saúde.
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