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HISTÓRIA
10 anos de saudade. Foi deitada numa rede na cidade de Quixadá, que a escritora Rachel de Queiroz se despediu do Ceará e do Brasil. Conhecida mundo afora por suas obras, a morte da cearense completa 10 anos nesta segunda-feira (4).
A seca no Nordeste torna “O Quinze” um romance atemporal
por Hayanne Narlla
A seca é um problema constante na história do Ceará. A falta de água, a vegetação morta, o chão pedregoso e o clima desértico deixam marcas profundas na vida de quem enfrenta essa situação. Ainda criança, Rachel de Queiroz viveu esse momento no ano de 1915, que se tornou inesquecível e rendeu um dos romances mais populares da autora: O Quinze. O livro foi publicado em 1930.
Tendo passado quase 100 anos, o problema da seca ainda assola grande parte da população cearense. Problemas sociais, econômicos e ambientais se tornam constantes e deixam a sociedade de braços cruzados para situação.
Mesmo com o investimento em diversos tipos de tecnologia no país, o combate aos graves impactos da estiagem no Ceará acontecem de forma tradicional: criação de açudes, escavação de poços, construção de cisternas e a utilização de carros-pipa.
O problema começa com a falta de água – e, por consequência, a queda de sua qualidade –, depois aparecem os animais mortos e a agricultura defasada. Dos 144 açudes do estado, 92 estão com volume inferior a 30%, somente em 2013. Dentre eles, 40 estão com volume abaixo dos 10%. Somente um açude está cheio, com mais de 90% do potencial: o Gavião, de Pacatuba.
Além disso, 20 municípios passam atualmente por um racionamento de água, para evitar o colapso total nessas áreas mais afetadas pela seca. Durante o racionamento, os municípios recebem água dia sim e dia não. Pacoti e Quiterianópolis foram os percursores da medida, adotada em março deste ano. Depois, foram incluídos: Acopiara, Baixio, Caridade, Fortim, Graça, Irauçuba, Ipaumirim, Itatira, Nova Russas, Pacujá, Pecém (Distrito), Pindoretama, Potengi, Salitre, Tauá, Umari, Pacoti, Trairi e Mulungu.
A situação da agricultura e pecuária também não é das melhores. Segundo Luiz Carlos Paulino, que é secretário de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Ceará (Fetraece), houve uma grande diminuição do número de animais no Ceará pela falta de alimentação e de água para as espécies. Além disso, ele ressaltou que o empobrecimento dos adeptos à agricultura familiar levou a venda de bichos “a preço de banana”.
Luiz Carlos ainda informou que cerca de 150 mil animais morreram de fome e sede no ano passado. “Em 2013, o número manteve-se estável. Não houve maior perda. O maior impacto foi de fato em 2012, mas as dificuldades são as mesmas”, falou.
Sobre seca
Para ter uma noção da gravidade da estiagem neste ano, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) uma das piores da história do estado, desde a década de 1950, quando deu início ao monitoramento do fenômeno. O assessor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Antônio Rocha Magalhães afirmou que a tendência é piorar.
“A seca sempre vai existir. Não pode ser modificada as mudanças climáticas. Os cenários disponíveis é que provavelmente sejam mais severas. Além disso, secas não podem ser combatidas, o que pode ser combatido é o impacto. Nesse sentido, espera-se que o governo avance com a consolidação da política nacional, mas não uma política nova. Deve procurar melhorar e fortalecer mecanismo que já existem”, avalia.
Segundo a Funceme, até o ano de 2012, a pior seca já registrada pela entidade foi em 1958, com 230 mm de chuva. Após 25 anos, em 1983 foi registrada a quarta pior seca, com 315,1 mm de chuva. Após 10 anos (1993), a terceira pior chuva aconteceu com a marca de 290 mm. Em 1998, houve a segunda pior seca, com 270 mm de chuva. Recentemente, a quinta pior aconteceu com o registro de 320,7 mm no ano de 2010. O ano de 2012, então, ocupou a sexta colocação.
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