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POLÍCIA
Metade dos crimes de morte em Fortaleza ocorre em 20 bairros
De posse destes dados, o estudo conclui que o problema da violência vai além da questão de segurança pública, sendo necessário aos órgãos públicos reverem ações nas áreas social e econômica. Confira mapa com as áreas mais afetadas
Pesquisa mostra ligação entre os homicídios em Fortaleza e a situação socioeconômica dos bairros da Capital
Os bairros mais violentos de Fortaleza são os mesmos que apresentam os maiores índices de população jovem, as menores taxas de alfabetização, mais pobreza e menor renda per capita. Ainda que os dados não surpreendam, o estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) aponta que as soluções para a crise da segurança pública vão além do aumento do efetivo policial e de armas e equipamentos.
A pesquisa do Ipece analisou a relação das taxas de homicídios dolosos ocorridos em 2012 com os dados socioeconômicos dos 119 bairros de Fortaleza, a partir de informações da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE). Dos 1.625 assassinatos registrados no ano passado, 784 ocorreram em apenas 20 bairros, número que corresponde quase à metade do total (48,25%).
Somente 40 bairros centralizam 73,23% dos homicídios dolosos (1.190). A maior concentração se deu nas Regionais I, V e VI, evidenciando a alta criminalidade na periferia de Fortaleza.
As mesmas áreas, de acordo com o levantamento, apresentam aspectos socioeconômicos que expõem uma associação direta das taxas de criminalidade com a alta densidade da população jovem entre 11 e 29 anos, o analfabetismo, a pobreza e a baixa renda média pessoal (entre R$ 239,25 e R$ 500,00). De posse destes dados, o estudo conclui que o problema da violência vai além da questão de segurança pública, sendo necessário aos órgãos públicos reverem ações nas áreas social e econômica.
O instituto, vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão do governo do Estado (Seplag), conclui na pesquisa que "além de políticas de curto prazo no combate à violência, é necessário priorizar as políticas de médio e longo prazo que possam melhorar as condições de vida nas áreas mais vulneráveis".
Mesmo alegando que não se pode associar diretamente as situações de vulnerabilidade social e econômica com os indicadores de homicídios, o estudo indica que a falta de políticas públicas contribui para a criminalidade e sugere, como atenuante, a melhoria dos equipamentos e serviços públicos, ações focadas na juventude e a criação de escolas de tempo integral e profissionalizantes, além de estimular o empreendedorismo através de formas de incentivo fiscal e financeiro.
Desigualdade
O Laboratório de Estudo da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) chegou a conclusões semelhantes. Segundo o coordenador do LEV e sociólogo César Barreira, "a relação entre a ausência de políticas públicas é um fator preponderante para o aumento dos índices de violência".
Para ele, melhorar os serviços públicos como saúde e educação, aumentando os níveis de escolaridade, a inserção social e o combate ao desemprego, irá refletir amplamente nos índices de criminalidade. "Casadas essas duas informações, o aumento do número de jovens e ausência de políticas públicas, há uma relação direta com o aumento da violência", disse.
A principal causa das altas taxas de homicídio nas grandes cidades é, para o sociólogo, a desigualdade social. "A violência não tem relação direta com a pobreza, mas com a desigualdade social. Os bairros mais pobres são mais propícios à violência, mas a relação direta é a carência dos serviços urbanos com a violência", finalizou.
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