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BRASÍLIA (Reuters) - Orlando Silva anunciou nesta quarta-feira sua saída do cargo de ministro do Esporte após não resistir a denúncias de que comandaria um esquema de desvio de recursos na pasta.
Silva não informou quem o deve substituir, limitando-se a dizer que cabe à presidente Dilma Rousseff escolher um sucessor. A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que o secretário-executivo da pasta, Waldemar Manoel Silva de Souza, assumirá interinamente.
Uma fonte do Planalto disse sob condição de anonimato que Dilma deve decidir sobre um substituto nas próximas 24 horas e que a tendência é a pasta permanecer sobre controle do PCdoB, partido de Silva.
De acordo com a mesma fonte, não foram discutidos nomes de possíveis substitutos na reunião entre Dilma e Silva, da qual também participou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
"Eu decidi sair do governo para que possa defender a minha honra", disse ele a jornalistas após se reunir com Dilma.
O agora ex-ministro voltou a rejeitar as acusações e disse que não serão apresentadas provas contra ele, e disse que "em questão de poucos dias, poucas semanas, a verdade vira à tona".
Orlando Silva se torna o sexto ministro de Dilma a cair desde junho, o quinto em meio a denúncias de irregularidades e o quarto ministro herdado do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a deixar o cargo.
A nova baixa na Esplanada, assim como as anteriores, não devem, no entanto, impactar negativamente na popularidade de Dilma. "Neste momento, a forma que essa questão tem sido colocada, que tem sido interpretada pelos veículos de comunicação, está sendo positivo para o governo", disse o analista político da Tendências Consultoria Integrada Rafael Cortez.
"Está sendo construída uma imagem de que ela (Dilma) tem uma resposta mais rápida a essas questões envolvendo o mau uso de dinheiro público. Evidentemente que se isso persistir, pode acabar gerando uma visão negativa."
Há mais de uma semana Orlando Silva vinha tendo de responder a acusações, feitas pelo policial militar João Dias Ferreira, de que comandaria um esquema em que organizações não-governamentais que firmam convênios com o ministério teriam de pagar até 20 por cento dos valores dos contratos a pessoas ligadas ao PCdoB.
Ele rebateu as acusações em depoimentos durante audiências na Câmara e no Senado e argumentou que as denúncias do policial militar foram uma represália à decisão do ministério de romper convênios firmados com ONGs dirigidas por João Dias e de exigir a devolução dos recursos pagos, pois os acordos não teriam sido cumpridos.
O acusador, uma das cinco pessoas presas no ano passado em operação da polícia de Brasília para investigar desvio de recursos destinados ao programa Segundo Tempo, comandado pelo ministério e que busca promover a atividade esportiva entre crianças, jovens e adolescentes, disse ter provas das acusações, embora não as tenha apresentado.
Ainda assim, as denúncias enfraqueceram Orlando Silva, e a decisão do Supremo Tribunal Federal, anunciada na terça, de aceitar pedido do Ministério Público para investigar as denúncias, selou o destino do agora ex-ministro.
A queda do ministro do Esporte acontece em um momento em que o governo federal trava uma disputa com a Fifa, entidade que comanda o futebol mundial, e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo sobre a Lei Geral da Copa, que dispõe sobre normas referentes ao Mundial de 2014, que será no Brasil, como preço de ingressos e proteção às marcas de patrocinadores, por exemplo.
Entre os pontos envolvidos nesta queda de braço estão a concessão de meia entrada em jogos do Mundial em alguns casos previstos em lei e a proibição da venda de bebidas alcoólicas em estádios. A Fifa se opõe a essas medidas, mas o governo se recusa a suspender leis vigentes no país durante o torneio.
Além de Orlando Silva, já deixaram o ministério de Dilma em meio a denúncias de irregularidades Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo).Além da disputa com a Fifa, a queda do ministro do Esporte é mais uma das preocupações em torno da Copa e da Olimpíada de 2016. Algumas obras de estádios e de infraestrutura --como as de mobilidade urbana e de aeroportos-- estão atrasadas, e críticos questionam o alto volume de recursos públicos envolvido na realização dessas competições.
Nelson Jobim (Defesa) saiu do governo após a divulgação de entrevista em que fez críticas a colegas de gabinete.
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