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Fonte Diário do Pernambuco
O Papa Francisco disse que os ateus, assim como os católicos, podem tomar decisões morais, em uma carta sem precedentes. Foto: Filippo Monteforte/AFP Photo
O Papa Francisco disse que os ateus, assim como os católicos, podem tomar decisões morais, em uma carta sem precedentes publicada nesta quarta-feira no jornal italiano de esquerda La Repubblica, com a qual responde às perguntas levantadas pelo co-fundador do jornal.
"A misericórdia de Deus não tem limites, se nos voltarmos a ele com um coração sincero e arrependido", disse nesta carta o líder de 1,2 bilhão de católicos.
À pergunta sobre se "o Deus dos cristãos perdoa os que não acreditam nele e não buscam a fé", o Papa responde afirmativamente e considera que "a questão para as pessoas que não acreditam em Deus é ouvir sua consciência. O pecado, inclusive para aqueles que não têm fé, é ir contra sua própria consciência".
"Ouvi-la e obedecê-la significa decidir sobre o que é bom e o que é mau", acrescentou.
A carta responde de forma longa e detalhada às perguntas que o intelectual de esquerda e editorialista do La Repubblica, Eugenio Scalfari, um ateu declarado, formulou em julho e agosto ao Papa argentino sobre as relações entre a religião, o homem e a sociedade moderna.
Francisco responde a ele nas quatro primeiras páginas do jornal. "A cultura moderna fundada no século das luzes acusa frequentemente a Igreja e a cultura de inspiração cristã de representar "o obscurantismo da superstição que se opõe à luz da razão".
"Chegou a hora (...) de um diálogo aberto e sem preconceitos que pode reabrir a porta a um reencontro sério e frutífero", acrescenta o Papa, que classifica este diálogo de "valioso e merecido".
"Sinto-me confortável ouvindo suas perguntas e buscando com você as vias pelas quais pode ser que possamos começar a traçar um caminho juntos", acrescenta Francisco na resposta, sua mais nova tentativa de se aproximar dos não fiéis.
Em um parágrafo dedicado aos judeus, o Papa escreve que "nas terríveis provas sofridas ao longo dos séculos", estes últimos "conservaram sua fé em Deus e, por isso, nunca estaremos suficientemente agradecidos a eles, como Igreja, mas também como humanidade".
Por outro lado, o pontífice reconhece "a lentidão, as infidelidades, os erros e os pecados que aqueles que compõem a Igreja cometeram e ainda podem cometer".
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