No dia em que completa um mês do duplo homicídio contra o vereador Amarílio Pequeno da Silva e o ex-policial, José Alves Bezerra, o Dedé Bezerra, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Barbalha, Péricles Victor Galvão de Oliveira, determinou a suspensão do processo de liquidação da CONCASA (Construtora Cariri Ltda). Ele teria sido o estopim dos desentendimentos entre os advogados Irlando Linhares e Amarílio Pequeno, que culminaram com o duplo homicídio.
A apuração desse caso por meio do inquérito policial presidido pelo Delegado Gustavo Augusto já foi entregue ao poder judiciário e se encontra nas mãos do representante do Ministério Público. Ele indicia sete pessoas por homicídio e formação de quadrilha no caso o advogado Irlando Linhares, os empresário Chico do Rio de Janeiro e Flávio Moura Furtado, o motorista Samuel dos Santos Oliveira, o Samuel Tecão, o agricultor José Rocifran de Lacerda, o servente de pedreiro Samuel Rosendo Lima, o “Coité”, e uma pessoa identificada apenas por Mago dos Firminos.
De acordo com o inquérito, as vítimas estavam envolvidas em negócios relacionados com a venda dos terrenos da Concasa que tinha Irlando como liquidante o qual teria sido indicado pelo advogado Amarílio Pequeno surgindo daí uma relação de sociedade que inclui o ex-policial civil, Dedé Bezerra. O principal terreno foi vendido por R$ 1.306.934,00 a José Orlando Sampaio que seria metade para o dono da Concasa e o restante em favor de Irlando, Amarílio, Dedé e a corretora de imóveis Dulcineide Gomes de Lima.
Esta era a liquidadora anterior da empresa à convite do dono, Raimundo Tavares Neves, de 83 anos, e a corretora terminou indicando Amarílio. Só que em agosto, Irlando teria atravessado as negociações e adquirido o principal terreno da Concasa ao proprietário por R$ 1,2 milhão. O advogado teria chamado Dulce para continuar vendendo o terreno em lotes e ofereceu a esta percentual de 3% a qual não quis e, antes de sair ainda assinou o recibo de R$ 100 mil da venda de um terreno por Irlando.
A essas alturas, ela já estaria ignorando a relação societária com Amarílio que não recebeu sua parte. Até mesmo um terreno destinado e vendido por Amarílio e Dedé no valor de R$ 30 mil foi questionado por Irlando que não permitiu que o novo proprietário o cercasse. Foi quando teria classificado Amarílio e Dedé de “dois cabras sem vergonha e ladrões”, conforme consta no inquérito policial, chegando a ameaçar de morte quem ali entrasse.
Outro comprador, inclusive, já teria desistido do negócio quando soube por vizinhos da área que Irlando tinha botado gente para correr. Este teria vendido o terreno por R$ 1,3 milhão a Orlando Sampaio sem respeitar os repasses na forma do que foi combinado anteriormente, pois as vítimas só tomaram conhecimento depois que o advogado teria passado a perna nos sócios comprando o terreno sozinho. Damião Bezerra disse, em depoimento, que o seu irmão Dedé confessou a ela as ameaças de morte de Irlando contra sua pessoa.
Já outro depoente e parente do vereador afirmou que Dedé teria ameaçado matar Irlando em conversa com Amarílio e este o aconselhou a não fazê-lo. Mesmo com as desavenças, Irlando foi pessoalmente à casa de Amarílio entregar o convite para o seu casamento e o vereador não foi à festa. Outra revelação feita e constante no inquérito policial foi de um dos compradores antigos de áreas da Concasa, Cícero Leão, o qual foi ao encontro de Irlando em nome da regularização das terras.
O advogado teria cobrado R$ 500 mil para fazê-lo, terminou acertando por R$ 200 mil pagos cinco dias antes do duplo homicídio. De acordo com o inquérito policial, o trâmite para a legalização dos terrenos da empresa Concasa por meio da liquidação judicial, foi discutido em reunião no gabinete do juiz de Barbalha, Demétrio de Souza Pereira, com as presenças de Amarílio Pequeno e Irlando Linhares.
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